Orpheu Leal

Como é bom viver em Paz!

Textos


PIRAPITINGA

 

     Nasci em Pirapitinga, Minas Gerais, num sábado. Tinha apenas um ano e meio quando no parto do quarto filho, minha mãe se foi. Junto com a criança.

     Minha tia contou-me que eu chorava muito. Ela era irmã da minha mãe Ana e já ajudava a cuidar de nós. Acabou casando-se com meu pai. A mãe Ana tinha o sonho de ter seis filhos com nomes cujas iniciais formassem a palavra AMORES: Alceu, Márcio e eu nascemos. Foi minha mãe-tia Haidée que completou o anseio de sua irmã, dando a vida a Renan, Elzio e Scylas. Seis meninos para cuidar! Seu grande mérito foi o de nunca fazer distinção entre seus próprios filhos e sobrinhos.

     Meu pai, Messias, era dentista e tocava flauta transversa. Seu consultório era junto à nossa casa, assim, ele sempre foi bastante presente na criação dos filhos. A família almoçava sempre junta. Caso fizéssemos muito barulho, ele vinha saber o que estava acontecendo. Certa vez, fizemos uma guerra de travesseiros. Quando nosso pai viu o motivo da gritaria, pegou uma borracha e deu com ela nas nossas pernas, só Elzio e Sciyllas, porque eram muito pequenos e ficaram em pé nos olhando.

     Uma outra vez, durante o almoço, havia o que não gostava disso, o que não queria comer aquilo... Ele foi ao quintal, pegou um galho de goiabeira e colocou-o no canto da mesa, dizendo: “Este galho só sairá daqui se vocês não comerem de tudo o que está sobre a mesa.” Nossa casa era sempre alegre, nós convivíamos com muitas pessoas, entre parentes, amigos e conhecidos.

 

Orpheu Leal
Enviado por Orpheu Leal em 16/04/2025


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