NAVALHA AFIADA
Nos fundos do quintal da minha casa jazia um beija-flor caído ao chão. Formiguinhas passeavam em suas pernas; fazia frio, e o bichinho ali estava imóvel. Quem o olhasse, pensaria estar morto, mas em mim existia uma esperança. Tirei-o da dureza do cimento, levei-o a um lugar mais adequado, envolvi-o com as mãos para aquecê-lo, passando-lhe energia positiva. O tempo foi seguindo o seu curso e eu olhava aquele quadro angustiante, sem saber como salvar o pobrezinho. Tive então uma ideia promissora: na expectativa de livrá-lo da morte, pinguei gotinhas d’água em sua cabeça. Depois fiquei observando o resultado e sinais de vida surgiram levemente. Percebi pequeninos tremeliques, seus olhos começaram a se abrir. Ainda demorou alguns instantes, naquele vai-e-vem de vida ou morte. Cambaleante e bem melhor, ele conseguiu ficar de pé, olhou pra mim, sacolejou o corpo, bateu as asas velozmente e desapareceu na imensidão do céu azul. Valeu a experiência inusitada! Deus não quis que ele morresse...
Não naquele momento. Orpheu Leal
Enviado por Orpheu Leal em 16/12/2014
Alterado em 04/02/2017 |