RUI, ao chegar a casa, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal. Chegando lá, constatou haver um ladrão, tentando levar seus patos de criação.
Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos, disse-lhe: — Oh, bucéfalo anácroto! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopeia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência do que o vulgo denomina nada. E o ladrão, confuso, diz: — Afiná, Dotô, eu levo ou dexo os pato???? Observação: As pessoas que gostam de escrever ou falar de modo empolado, acabam não sendo compreendidas. Rui Barbosa
Enviado por Orpheu Leal em 11/08/2014
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