DUAS ALMAS – Alceu Wamosy
Ó tu, que vens de longe, ó tu, que vens cansada, Entra, e sob este teto encontrarás carinho: Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho, Vives sozinha sempre, e nunca foste amada... A neve anda a branquear, lividamente, a estrada, E a minha alcova tem a tepidez de um ninho. Entra, ao menos até que as curvas do caminho Se banhem no esplendor nascente da alvorada. E amanhã, quando a luz do sol dourar, radiosa, Essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua, Podes partir de novo, ó nômade formosa! Já não serei tão só, nem irás sozinha. Há de ficar comigo uma saudade tua... Hás de levar contigo uma saudade minha... NOTA: Alceu de Freitas Wamosy nasceu em Uruguaiana em 14.02.1895 e faleceu em Santana do Livramento em 13.09.1923. Foi poeta e jornalista.
ALCEU WAMOSY
Enviado por Orpheu Leal em 01/04/2014
Alterado em 01/04/2014 |