O PURGATÓRIO Eu fui visitar em sonho o Fórum do purgatório, local sinistro, medonho, sala de interrogatório. Vi diversos conhecidos, aguardando no saguão, para serem inquiridos na devida ocasião. O primeiro a ser chamado pra depor no Tribunal, fora outrora deputado, deputado federal. “E você, que fez, então?”, perguntou a autoridade. “Recebi o mensalão, uma ajuda de verdade”! “Tudo isto é imoral”, disse assim o magistrado, pela nossa lei penal será mesmo açoitado. A seguir, um milionário, de aspecto curioso, desfiou o seu rosário, com seu jeito orgulhoso: “Mil impostos soneguei, pois de fato fui bicheiro, e, por isso, ainda não sei, como entrou tanto dinheiro!” O juiz ficou surpreso e ordenou ao informante: “Considere-se já preso, pois seu crime é aviltante. E o próximo a depor foi um grande traficante, que declarou ao doutor, ter sido “comerciante”. “Meu comércio é diferente, só não pago o meu imposto, abasteço a minha gente, escondido no meu posto”. O juiz, muito alarmado, com tanta barbaridade, condenou o desalmado sem nenhuma piedade. Por último, um assaltante, meliante sanguinário, informou, que num instante, converteu-se em “missionário”. “Só dos ricos eu roubava, não tinha contemplação, E nada me preocupava, todo mundo era ladrão”. “Você será condenado”, assim falou o juiz, trinta vezes açoitado, esta é a sentença, infeliz. Dessa forma, finalmente, todos foram condenados a serem, exemplarmente, trinta vezes açoitados. E, depois de executados, foram para a pqp, e ainda criticados em programas de TV. Ilustração de Gustave Doré para o livro "A Divina Comédia", de Dante Alighieri.
Obrigado, Aila, por sua interação interessante demais:
Finalmente castigados Cada um por sua culpa Trinta vezes açoitados Não havia uma desculpa Mereceram ser punidos E na terra do tormento Prontamente recebidos Só herdarão sofrimento. Orpheu Leal
Enviado por Orpheu Leal em 20/12/2013
Alterado em 20/12/2013 |