Orpheu Leal

Como é bom viver em Paz!

Textos

O BANHO DE RIO
      Em Dezembro, período das férias escolares, tia Leonor visitou-nos e fez um convite para um passeio, ou seja, para irmos ao chalé do nosso tio Tonho, que ficava na periferia da cidade, ou seja, distante da nossa casa mais ou menos uns cinco quilômetros. Hoje o chalé não existe mais. Nós, crianças, éramos cinco (o mais velho estava ausente), e mais cinco primos, filhos de nosso tio.
      Nos fundos do terreno passava o rio que tinha o mesmo nome da cidade: Pirapetinga. Não era um rio volumoso, mas tinha alguns trechos perigosos, com bastante profundidade. Antes de sairmos, minha avó Ana me advertiu e me fez prometer que ficaria fora dessa brincadeira de banho de rio, com o que concordei plenamente, dando a minha palavra como prova do combinado.
      Quando, porém, lá chegamos, encontramos os primos que, insistentemente, queriam que todos participassem dessa extravagância e, apesar da minha relutância, acabaram convencendo-me a ir também. Afinal, a tia Leonor tomaria conta de todos e nada de ruim iria acontecer.
      Um detalhe muito importante: nem ela nem as crianças sabiam nadar.
      Eu e meu irmão começamos a andar em lugares rasos e ele ousou atravessar o rio; fui seguindo os seus passos. A água já estava na altura do meu pescoço e, quando dei mais um passo, a correnteza arrastou-me para o fundo. Foi um alvoroço enorme e um suspense sem precedente.
      Minha tia ficou estrategicamente posicionada onde o rio era mais raso, esperando que a correnteza me levasse na direção dela. Todavia, até que tal coisa acontecesse, eu afundava, subia, descia, desesperado pela falta de ar, na iminência de sucumbir afogado; até que, levado pela força da água, fui parar nas mãos dela, completamente atordoado, mais morto do que vivo. Quando voltei para casa, com os lábios totalmente roxos, minha avó ficou desesperada e lembrou-me da promessa que eu não cumprira. Acredito ser verdadeiro milagre estar escrevendo a presente crônica.

MORAL DA HISTÓRIA: Desobedecer à avó quase me levou à morte, por falta de firmeza na minha leviana atitude, o que poderia ter levado a desastrosas consequências.
Orpheu Leal
Enviado por Orpheu Leal em 29/11/2012


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